sexta-feira, 7 de junho de 2013

Reforçar a competência e a qualidade

Que a decência não é apanágio do futebol português é uma evidência absoluta para todos, incluindo os adeptos do Porto. Quando no fim do jogo com o Paços, um jogo viciado desde o minuto 20, a "romaria" à Avenida dos Aliados tem como mote "limpinho" está tudo dito.

O Porto não é um clube que queira competir de uma forma leal e vencer com mérito - é um clube que quer ganhar por todos os meios e a todo o custo, não se importando absolutamente nada em atropelar todas as regras de decência e verdade desportiva. Já nem sabem o que isso é. Para eles tudo vale, desde que no fim vençam e possam insultar os seus adversários. Essa é a sua forma de estar que, embora contrária à essência do desporto, é congénita à sua natureza.

O Porto, dirigentes e adeptos, entrou já numa espiral de demência batoteira, na qual prosseguirá até ser apanhado em flagrante. O que, sendo Portugal um País de brandos costumes (sobretudo no que à punição da criminalidade diz respeito), pode até nunca acontecer. Como disse no anterior post, agora já tudo se faz praticamente às claras. Eles são os "espertos" e portanto riem-se dos outros, os "burros" os "cabeçudos", os enganados, que se deixam comer pelas suas tropelias constantes.

No Porto vale tudo, mas mesmo tudo. Vale agredir, vale roubar, vale até matar. Ainda ontem vi uma entrevista do famoso "macaco", o chefe dos superdragões a um canal local. Perguntava-lhe o apresentador sobre a violência e as mortes na noite do Porto. O "macaco" riu-se e disse que agora as coisas já estavam "mais calmas". É tudo assim, nas calmas... E em completa impunidade.

Deve ser um case study mundial.

Face a este cenário, muitos benfiquistas têm defendido a necessidade de adoptar outros métodos, menos inocentes, menos ingénuos, mais "musculados". Nessa medida tem sido defendido por alguns o regresso de José Veiga.

Em termos factuais, Veiga esteve envolvido no negócio mal explicado da ida de João Pinto para o Sporting e foi efectivamente apanhado em duas escutas, quando era accionista maioritário do Estoril. Nelas, Veiga pedia (1ª escuta) a Valentim Loureiro para interditar o estádio do Marco de Canavezes, na sequência das cenas caricatas de Avelino Ferreira Torres a ameaçar um árbitro e a pontapear placas. Veiga queria que a interdição coincidisse com a visita do Estoril ao Marco e conseguiu-o (2ª escuta). Embora seja diferente ser apanhado numa escuta a oferecer prostitutas a árbitros ou a exigir um castigo (justo) para um adversário, não deixa de ser verdade que a pressão junto de Valentim para que o castigo coincidisse com a visita da sua equipa àquele campo já não é legítima, como em geral esses "favores" não o são.

Nessa medida não me parece que um regresso de Veiga seja possível pelo que não vale a pena gastar energias nesse debate.

O combate à corrupção tem que ser feito não com meios idênticos mas com meios legítimos.

Neste aspecto, o caminho a fazer é o adoptado recentemente no hóquei.

Já há anos que o defendo: o Benfica deve EXIGIR condições de segurança MÍNIMAS aquando das visitas ao Porto e dar a máxima visibilidade a todos os incidentes que ali acontecem. Deve DENUNCIAR com todo o vigor as intimidações, as violências, as coações e os crimes que se passam no Porto, exigindo punições EXEMPLARES para os mesmos e, caso não sejam garantidas essas condições de segurança, PURA E SIMPLESMENTE, voltar com o autocarro para trás e NÃO COMPARECER. A ameaça tem que pairar no ar e a pressão sobre autoridades (desde PSP, Ministério da Administração Interna, Liga e Federação) tem que ser mantida.

Só assim conseguiremos ter condições MÍNIMAS para os nossos atletas se concentrarem e focarem unica e exclusivamente em jogar futebol. E nisso eles não são piores que os do Porto.

Não mais poderemos continuar a aceitar que aquando de agressões de adeptos do Porto aos nossos adeptos, a PSP se limite a "acalmar" ou afastar os prevaricadores, devolvendo-os às bancadas como quem lhes diz: "nós até percebemos a vossa raiva mas tenham lá calma que assim também é demais". NÃO! Essas  pessoas têm que presas, têm que ser identificadas, têm que ser banidas do desporto. Caso contrário continua a acontecer o que tem acontecido até aqui: a impunidade encoraja-os a continuar.

Como é possível que o Benfica não tenha tomado uma posição de força aquando da invasão de campo no último Porto-Benfica? Logo após o golo, vários adeptos entraram bem dentro do campo. Quais as consequências? O que aconteceu a esses adeptos? Foram castigados? Banidos de recintos desportivos? Não me parece.

O golo do Porto não foi aos 92 m como se tem dito mas sim aos 90+57 segundos. Nessa altura há pelo menos 4 adeptos que invadem o campo. Helton vai tentar "protegê-los" de polícia e stewards. Aos 90+ 3 minutos, o jogo ainda não se reatou. Proença apita para o fim do jogo aos 90+4 m e 57 segs quando Artur lança uma bola para o ataque. Dos 4 minutos dados de descontos, jogaram-se 1 e 30 segs. Teríamos conseguido empatar se fossem jogados mais 3 minutos de descontos (portanto até aos 90+6 minutos e uns segs.), como deveriam ter sido? Não sei.

Mas sei que numa liga tão falseada como a nossa, não se pode deixar passar NADA e os nossos dirigentes infelizmente deixam.

Em suma, o Benfica tem que assumir uma postura de tolerância zero para com a violência e a coação contra a sua equipa. Aimar e Sálvio poderiam ter ficado gravemente feridos (ou pior) aquando de viagens ao Norte. O mesmo se passou com LFV. O Benfica tem que fazer uma "marcação cerrada" a todas as autoridades e monitorizar muito bem o que se passa em termos de multas e castigos aplicados ao Porto aquando de actos de indisciplina ou violência. Volto a perguntar, quais as consequências da invasão de campo? Da tocha que nessa mesma altura foi atirada para a área de Artur?

Provavelmente nenhumas ou as mínimas previstas por lei (como se o clube não fosse reincidente nestas e noutra práticas que envolveram já até bolas de golfe e galinhas dentro de campo). Isso é (mais uma vez) não apenas um convite a continuar, é a cobertura e promoção dessas acções.

As medidas que proponho são fundamentais para que os nossos atletas se consigam concentrar apenas e só em jogar futebol. Eles não são contratados para arriscar a vida ou para se envolver em combates corpo a corpo.

Caso o Benfica não consiga acabar com isto então deve de facto começar a, selectivamente, responder na mesma moeda. Não atirando pedras em autoestradas ou cadeiras para o campo (outra variante, esta usada na final da Taça da Liga no Algarve quando o Benfica vencia 3-0) pois isso são actos criminosos, mas não conseguindo evitar, por exemplo, que os seus adeptos invadam o campo aquando dos seus golos. Depois, quando o castigo aparecesse, recorrer das decisões alegando a "jurisprudência" passada.

De igual forma, o Benfica deve conceder ao Porto, quando visita a Luz, condições idênticas (em matéria de disponibilização de bilhetes e convites, de permissões de circulação nos balneários e outras questões semelhantes) às que o Porto nos oferece no seu estádio.

A isto chama-se, na relação entre Estados, de aplicação do princípio da reciprocidade. É tão antigo como a diplomacia em si, pelo que deve ter alguma razão de ser.

De qualquer modo, o principal trabalho em que o Benfica tem que se continuar a empenhar é em reforçar a sua competência e qualidade.

(Continua).

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